Mecânico de Curitiba tenta enganar cliente ao cobrar mais caro após dar diagnóstico errado em veículo e caso vai parar na polícia.

Mecânico responsável pela oficina condenou peças do veículo que chegam a custar até R$ 2.000,00, e proprietário descobriu que a causa do defeito era outra.

Uma ida a oficina mecânica, que deveria ser apenas mais uma manutenção corretiva em um veículo, virou caso de polícia em Curitiba, na última sexta-feira.

Juliano Christ, que é o proprietário do veículo envolvido na polêmica, viralizou nas redes sociais após compartilhar o acontecido e o desfecho inacreditável da história.

Um veículo Peugeot 307, ano 2011, foi o pivô de toda essa confusão. O carro, que pertence a Juliano, começou a apresentar uma falha mecânica enquanto o jovem dirigia o veículo.

"Comecei a notar algumas pequenas falhas na resposta do motor quando eu pisava no acelerador. Eu acelerava e o carro parecia não ter força pra andar, e o problema ficava cada vez pior a cada dia que passava" - explica Juliano.

O rapaz conta que decidiu levar o veículo até uma oficina mecânica de Curitiba, recomendada por um amigo, que ficava próxima a sua casa.

Ao levar o veículo até o estabelecimento, o mecânico responsável pela oficina fez uma avaliação no veículo e condenou a bomba de combustível, além de atestar a necessidade da troca de algumas outras peças do carro.

Somadas, todas as peças custariam a Juliano o valor de R$ 2.190,00. Acrescido do valor da mão de obra da oficina, o orçamento total ficou próximo dos R$ 3.000,00.

Assustado com o valor, Juliano não autorizou a realização do serviço e levou o veículo de volta para casa, porém, o defeito mecânico se agravava cada vez mais. O veículo chegou a dar pane e parar completamente em uma das rodovias mais movimentadas de Curitiba.

"Teve este episódio, onde o meu carro parou no meio da rodovia e não funcionava por nada. Por sorte, alguns motociclistas pararam e me ajudaram a empurrar o veículo pro acostamento, então ganhei algum tempo até acionar o guincho e levar o veículo de volta pra casa" - conta Juliano.

A salvação de Juliano veio de uma propaganda, que seu pai havia visto na televisão. 

Gilberto, pai do rapaz, havia comprado um aparelho chamado Auto Check Pro, cujo o fabricante prometia diagnosticar qualquer defeito mecânico, de veículos de qualquer marca.

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O aparelho, ao ser conectado no veículo, detecta falhas e aponta em qual parte do veículo está o defeito, e qual peça deve ser trocada para sanar o problema.

Gilberto levou o aparelho até a casa de Juliano e, ao conectar o Auto Check Pro no veículo do rapaz, foi acusado uma falha na bobina de ignição do carro, peça essa que custa em média R$ 350,00.

Juliano confiou no diagnóstico do aparelho e comprou a peça em uma distribuidora de Curitiba. Com a peças em mãos, ele levou o veículo em uma outra oficina mecânica apenas para realizar a troca da bobina.

Somando o valor da peça e da mão de obra do mecânico, Juliano gastou R$ 480,00, valor bem distante dos quase R$ 3.000,00 orçados pela primeira oficina consultada.

Após a troca das peças, o veículo voltou ao seu funcionamento normal, e as falhas, que antes eram constantes, já não existiam mais. 

"Comprei a bobina em uma loja de peças e levei o carro em uma outra oficina. Solicitei ao mecânico que efetuasse a troca das bobinas e ele me cobrou R$ 180 pelo serviço. Ao finalizar, o carro estava perfeito e o problema havia sumido" - explica Juliano.

Juliano levou o caso a polícia

Após se dar conta de que a primeira oficina consultada havia agido de má fé, Juliano decidiu fazer um boletim de ocorrência na Polícia Civil, e os responsáveis pela oficina mecânica foram intimados para depôr.

O proprietário do estabelecimento, que não teve o nome divulgado, se eximiu da responsabilidade e disse que o mecânico, que fez o diagnóstico no veículo de Juliano, havia sido desligado da empresa e não trabalhava mais lá.

De acordo com dados preenchidos no inquérito policial, a oficina continua sendo investigada pois existem outras denúncias de ocorrências semelhantes envolvendo o nome da empresa.

Já Juliano explica que decidiu denunciar a oficina para evitar que a empresa engane outros motoristas.

"Já pagamos tão caro pelos nossos carros aqui no Brasil, pagamos caro na gasolina, em tudo, e ainda temos que aturar essas pessoas de má fé que tentam tirar vantagem dos outros a qualquer custo. Isso não é justo" - desabafa Juliano.

Aparelho utilizado por Juliano tem origem europeia e chegou no Brasil há pouco tempo

O Auto Check Pro, dispositivo utilizado por Juliano para detectar o defeito em seu veículo, é fabricado pela europeia Auto Tech LTDA, multinacional do ramo automotivo e responsável pela fabricação de peças automotivas. 

Em janeiro de 2023, a Auto Tech anunciou um investimento no mercado brasileiro, e inaugurou uma fábrica em São Bernardo do Campo, São Paulo.

A empresa anunciou recentemente a construção de uma nova fábrica, na cidade de Curitiba, que será responsável por 70% da produção da marca no país.

Ainda sem lojas físicas no Brasil, a empresa comercializa o Auto Check Pro através do seu site oficial, e registrou um aumento no número de pedidos após o caso de Juliano viralizar.

De acordo com Julián Álvarez, gerente de marketing da empresa, estão sendo comercializados aproximadamente 1000 unidades do Auto Check Pro diariamente.

Ele explica também que, a empresa está aumentando o quadro de funcionários para conseguir atender à alta demanda de pedidos.

"Estamos tendo uma alta demanda de pedidos do Auto Check Pro aqui no Brasil. Tem sido um grande desafio para nós manter a escala de produção para atender esta demanda. Inclusive, estamos aumentando nosso quadro de funcionários para poder atender a quantidade de pedidos que estamos recebendo" - explica Álvarez.

Apesar da alta procura, o dispositivo segue disponível no site oficial da fabricante (www.autotool.tech), onde é comercializado a um preço atrativo.